Psiquiatra diz que os atletas, muitas vezes, têm 1º contato com a droga "por diversão" e explica como ela causa dependência e "vai derrubando" o usuário
O crack chegou a ser considerado uma "droga de rua", mas o perfil dos usuários colocou abaixo a ideia de que apenas moradores de rua e pessoas em situação de miséria consomem a droga. Inimigo número 1 da saúde pública brasileira, o crack atinge a todas as camadas sociais e também chegou ao meio esportivo. E não são raros os atletas que conhecem a "pedra". O psiquiatra e presidente da Associação Brasileira de Alcoolismo e Drogas, Jorge Jaber, já se deparou com diversos casos e alerta para o perigo do crack nesses ambientes.
- O atleta começa usando álcool, maconha, ou resolve "cheirar carreirinha" para se divertir uma vez. Com passar do tempo, vai usando pouco mais. Chega um momento em que ele resolve experimentar o crack porque é o produto que está se apresentando naquele instante - explicou.
Ele explica ainda que a droga, pela forma como age no organismo e pelas sensações que causa, faz com que o usuário queira mais. A repetição não demora a se tornar dependência.
- O crack tem uma absorção ultra-rápida no organismo e produz sensação, no início, de grande êxtase, satistação e bem-estar, principalmente porque afasta a pessoa das preocupações. A sensação é tão forte e o efeito tão rápido que a pessoa imediatamente quer repeti-lo.
As consequências não demoram a aparecer. No caso dos atletas, elas acabam refletindo na carreira, que acaba comprometida em pouco tempo.
- Ao impedir que o atleta continue mantendo vida regrada, (a droga) vai derrubando esse atleta, faz com que fique com menores condições de atuação. Isso leva a frustração, muitas vezes até à depressão, e acarreta um aumento do consumo - disse.
Bebel, ex-jogadora da seleção brasileira de futebol, sentiu bem esses reflexos. Por conta do vício, ela acabou se afastando cada vez mais do futebol e comprometeu a carreira. Após tratamento, ela garante que a droga faz parte do passado e sonha em defender o Brasil nas Olimpíadas de 2016. Ela sabe que não foi a primeira nem a última atleta a se envolver com drogas e confirma: não é difícil encontrar o crack no meio esportivo.
- Você vai numa festa, num evento, coquetel, na casa de um amigo que usa (...) Hoje, a droga está muito acessível, infelizmente - afirmou.
A psicóloga Andréia Dias explica que o atleta, muitas vezes, procura a droga em busca da sensação de prazer, mas não leva em conta dos danos que ela causa ao cérebro, ao organismo e à saúde. Os danos aparecem aos poucos.
- O crack, assim como qualquer outra droga, pode ser uma forma de aliviar um pouco a pressão da busca pelo resultado, pela performance. Ela acaba produzindo alívio de tensão e acaba sendo algo que o atleta usa para lidar com a pressão que sofre. A partir do consumo crônico e intensificado do crack, o que vai acontecendo é que há um emagrecimento muito grande, o corpo fica debilitado e isso compromete a resistência e o rendimento - explicou.
Segundo a especialista, doutora em saúde mental, o consumo também pode acarretar em problemas respiratórios e cardíacos, impedindo que o atleta dê continuidade às atividades.
Data: 13/03/2013 - 16:06
Fonte:: Sport TV News