Dr. Claudio M. Martins

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Caso Isabela Nardone: Romance, Frustração e Psicopatia.

O artigo trata das características sociopaticas dos autores do homicído terrível de Isabela Nardone.

 

 

       O caso Isabela Nardone, tem repercutido intensamente na sociedade brasileira tanto através da mídia quanto nos comentários da população.

         As circunstâncias do homicídio de uma menina de seis anos, com ares de crueldade e frieza, sensibilizam a todos que tenham um referencial de vínculo emocional. A pergunta dominante é: Como “alguém” poderia fazer tal tipo de atrocidade?

         O histórico divulgado pela mídia, inclui uma dinâmica de configuração familiar bem contemporânea. Ou seja, um casal constituído com dois filhos mais uma menina de uma relação anterior do pai.  Evidente que em todos os grupos familiares, há uma disputa permanente pela “pole position” da atenção afetiva, o que afeta tanto os adultos quanto as crianças. Este movimento emocional inconsciente propicia um jogo de condutas, que no fundo implicam manifestações de ciúme, frustrações e busca permanente de gratificações imediatas.  Quanto mais imaturas psicologicamente maiores dificuldades os indivíduos terão para lidar com estes sentimentos, que são partes do cotidiano da psique humana. 

          A comoção social implica muito numa projeção de sentimentos nos personagens envolvidos.  Os pais ficam desesperados e revoltados com a angústia da perda de uma filha (que no ranking de stress traumático encontra-se em primeiro lugar). Como em todo luto traumático há uma busca incessante de se responsabilizar e punir o “autor”, como uma forma de tentar apaziguar a angústia irreparável de tal ato.  Muitos se perguntam neste momento como anda as suas vidas, com as queixas do cotidiano (rusgas conjugais, conflitos com filhos adolescentes, insatisfações no trabalho, etc.), será que vale o desgaste emocional que isto propícia, diante de tal drama existencial.

         Seja quem for o autor (es), preencheria os critérios de psicopatia, que pode ser vista como um defeito moral. Pois vejamos neste caso o preenchimento dos seguintes critérios: indiferença e insensibilidade diante dos sentimentos alheios, baixa tolerância à frustração e baixo limiar para a deflagração de agressividade e violência, incapacidade de experimentar culpa e dificuldade de aprender com a experiência, tendência a culpar os outros para justificar os seus atos.

          Os exemplos mais comuns de uma conduta anti-social, são os sujeitos que roubam e assaltam, mentem, enganam e são impostores, seduzem e corrompem, usam drogas e cometem delitos, transgridem as leis sociais e envolvem os outros, etc.

          A estrutura psicopática se baseia na impulsividade (descontrole dos impulsos), uma tendência a repetição compulsiva e a predominância de condutas de natureza maligna. Todos nós temos algum traço de psicopatia latente e oculta, entretanto o que difere a doença psicopática é o fato de que as três características salientadas vão além de um uso eventual, mas, sim, se tornam um fim em si mesmo.

          Esse caso demonstra as distorções de funcionamento de controle dos impulsos que a mente está sujeita.  Esperemos que com o avanço da ciência possamos ter meios mais eficazes de identificar mais precocemente tal perfil psicopatológico, para que possamos atuar preventivamente.

 
Mestre em Psiquiatria

 

      

 

 


Data: 05/05/2008 - 17:13
Autor:: Claudio Martins


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