Dr. Claudio M. Martins

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A Imagem Corporal gera bem estar?

A contemporaneidade tem exigido uma série de mudanças comportamentais em busca do bem estar. Identifica-se desde a mudança dos papéis femininos e masculinos, no que tange a autonomia, provimento, capacitação profissional, mudança nos perfis de relacionamento amoroso até chegarmos no tema desta coluna, ou seja, o quanto à imagem corporal representa um significado de aceitação e reconhecimento afetivo.

Em entrevista a revista Época (22/01/2007) a modelo Ana Lisboa (20 anos) de 1,78m e 54 quilos, revela um paradoxo entre a sua imagem corporal atual e o seu pensamento, quando diz: “Na minha adolescência, eu quis até ser mais baixa e gostosa. Esta fixação por ficar magra é um surto. Tem mais a ver com a vontade de aparecer e se sentir famosa. O que se vê na passarela não é o que vai se usar nas ruas. O que tem ali é um manequim andando e mostrando tendências. É um cabide.”

Nesta manifestação, ela talvez possa ter sintetizado o pensamento de inúmeras jovens adolescentes, que buscam afirmações e sucesso na carreira de modelo. Mas há também uma parcela significativa (cerca de 0,5% da população feminina) de outras mulheres que não estão no glamour das passarelas, mas que padecem de mal semelhante,isto é, de anorexia.

Os critérios diagnósticos básicos deste grave transtorno alimentar são: quando se recusa a manter um peso corporal no limite normal mínimo ou acima para sua altura e idade; tem medo intenso de engordar; tem uma imagem corporal distorcida; e em mulheres pós-menarca ausência de períodos menstruais.

Associado a estes sintomas, algumas exageram no ritual de exercícios físicos, passando horas mais horas em academias, tudo em prol da sua fantasia inatingível de uma imagem corporal idealizada, que lhe “daria” conquistas, bem estar e felicidade.

A obsessão por um protótipo de modelo físico inatingível, pode ser exemplificado pelo caso trágico da modelo Ana Carolina, morta devido a complicações clínicas do seu estado caquético (pesava cerca de 40 quilos, para um altura de 1,72m) quando de sua hospitalização. Em declaração a revista Veja (22/11/2006), sua mãe relata que quando Ana Carolina já estava com 42 quilos, não parava de reclamar da existência de “pneuzinhos”. Após um período no exterior, retornou e a família assustou-se com a sua aparência: olheiras escuras, cabelo ralo e os ossos do corpo aparentes. A família fez uma feijoada para recepcioná-la, a qual recusou. Diante da insistência da mãe , ingeriu um pedaço de pão. Foi o suficiente para que vomitasse na frente de todos. Ela não conseguia mais se alimentar, um sintoma clássico da doença em seu estágio mais avançado.

Na trajetória evolutiva da doença, até chegar no desfecho trágico de Ana Carolina, muitas alterações de humor são presenciadas, desde um estado de alerta e jovial até uma predominância de tristeza e isolamento. As racionalizações (há sempre alguma “explicação” pronta para o seu distúrbio alimentar) , bem como a negação do deterioro do seu estado físico faz com que a pessoa se enxergue de uma forma distorcida, por isso nunca alcança o seu ideal.

Por outro lado, temos que muitas desta busca inatingível esta vinculada a carências afetivas variadas, desde o envolvimento das relações familiares, nos vínculos amorosos e a expectativa mágica da representatividade da imagem corporal na aceitação da pessoa nas suas redes sociais.

Data: 09/04/2007 - 19:57
Autor:: Claudio Martins


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