Dr. Claudio M. Martins

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Os relacionamentos amorosos contemporâneos



Neste inicio de século os questionamentos da melhor forma de conviver com o seu parceiro amoroso, estão constantemente em pauta. As opiniões se dividem, e evidentemente não se chega a um consenso.

Com a ampla mudança do papel social e profissional da mulher nas ultimas décadas, gradativamente foi havendo uma influência dramática no funcionamento conjugal. Implicando em novos modelos de vida. A famosa frase que “até que a morte nos separe” parece ter sido substituída pela frase do poeta “que o amor seja eterno enquanto dure”...

Muitos, milhares, milhões estão continuamente na busca do grande amor como uma solução dos males existenciais e sonham e criam expectativas mágicas que o grande remédio para os seus males está neste encontro. Não é a toa que até hoje os contos de fada românticos modernos, como são os casamentos da família real britânica mobilizam a todos pelo processo de infantilização que nos colocamos nestes movimentos de identificação coletiva.

Pela frustração e desencanto nas expectativas muitos vão no transcorrer da vida ficando amarga e pessimista nas possibilidades de compartilhar uma vida salutar e prazerosa com um parceiro que propicie, aconchego, acolhimento, amizade, segurança, satisfação na vida sexual, entrega afetiva (será que estamos sendo muito exigentes!).

O modelo tradicional da maior parte deste século preconizava um formato de vida para a mulher, onde havia uma pré-definição das etapas da vida, ou seja, infância e adolescência sob a “proteção” e “domínio” dos pais passando-se após para o “jugo” de poder do esposo. Muitas mulheres mesmo com intensa infelicidade nos seus casamentos não conseguiam superar as barreiras sociais e pessoais permanecendo na expectativa mágica que a sua “liberdade” viria com a morte do marido. O que quando ocorria, muitas vezes, as mesmas não conseguiam “usufruir” o seu novo status quo já que a culpa pelo o desejo de morte do mesmo as remoía e castigava, gerando muitos quadros depressivos melancólicos maiores de que o próprio luto decorrente da perda.

Evidentemente que a escolha do parceiro amoroso passa por fatores de atração consciente (aparência, posição social, comunicação...) e fatores inconscientes (desde a resolução edípica, que sensibilizará por uma escolha mais real e atualizada). Entretanto não há como negar que as mudanças sócias culturais (status da mulher, custo de vida, custo da educação dos filhos, desemprego, valorização dos jovens....) nesta virada do século trouxeram novos padrões de relacionamentos.

Já passou a fazer parte do funcionamento das pessoas em terem a opção de separar, recasar ou ainda de optarem de viver só. Não deixa de chamar a atenção dos grandes centros urbanos a criação cada vez maior de “flats” com um público alvo bem definido de pessoas que optam por viverem sós. Algumas grandes cidades como Nova York, Londres, São Paulo já se tem números em torno de milhões da população que fez esta opção. Até três décadas atras o indivíduo acima de 35 anos que não convivia com um parceiro amoroso fixo era considerado com algum grau de perturbação mental, hoje se percebe que o “modus vivendis” dos indivíduos alterou-se.

Pessoas na faixa dos 40, 50 anos e assim por diante as quais muitas já tiveram o seu matrimônio com filhos e separaram-se passam a buscar um novo parceiro para troca afetiva, porém necessariamente não se pressionam em terem de compartilhar o mesmo teto. O que em tantos casos amplia os conflitos dos relacionamentos muitas vezes os tornando insustentáveis.

Certamente que as generalizações são perigosas, e portanto estou retratando um ângulo que se vem ampliando dentro da população, o que indica uma tendência para o inicio deste novo millennium que se aproxima .

As insatisfações persistem no “continoum” de busca de um parceiro “ideal” que certamente nunca encontraremos, pois não passa do fruto de um pensamento mágico. Compartilhando o teto ou não, um casamento representa uma tentativa de repetir experiências e conflitos infantis. Portanto como os modelos estão se alterando, a geração que esta “entrando em campo” deverá se defrontar com todos este “novos” temperos culturais, que passa pela mudança dos comportamentos dos jovens (o ficar como a expressão de liberdade da sexualidade nunca imaginada até três gerações), bem como o modelo de transição da família (como no caso das famílias mosaico – grupo familiar que incorpora parceiros com filhos de relações anteriores).


Data: 18/11/2006 - 14:25
Autor:: Dr. Cláudio M. Martins (Mestre em psiquiatria)


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