Dr. Claudio M. Martins

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O uso de drogas e sexo



As drogas psicoativas estão presentes na sociedade contemporânea, tanto quanto acompanham a humanidade desde as suas priscas eras. A busca de elementos químicos que possam interceder no alívio do sofrimento humano vem num contínuo da existência. Os modismos, as drogas lícitas (álcool, fumo, tranqüilizantes) associam-se as drogas ilícitas (maconha, cocaína, crack, heroína...) em prol de uma suposta melhora de convivência com alguma realidade doída ou temerosa, bem como uma busca maior do prazer... nem que seja ilusório.

Uma das áreas mais sensíveis de conflitos e turbulências é o que envolve o desenvolvimento da sexualidade na adolescência, com todas ansiedades possíveis quer pela absorção das mudanças corporais agregados ao instinto sexual aumentado devido a maior secreção dos hormônios sexuais bem como o enfrentamento das barreiras sócio culturais. Neste aspecto tem sido observado um aumento da incidência das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs) entre os adolescentes no mesmo período que se dá o crescimento da prevalência de consumo de drogas nesta faixa etária, implicando numa relação do uso de drogas e álcool com comportamentos sexuais de risco. Alguns colegas médicos têm buscado trabalhos de pesquisa para identificarem as associações vinculadas a tal ampliação da tragédia humana das dependências às drogas.

Num estudo feito nos Estados Unidos com adolescentes negros de São Francisco constatou-se uma relação entre uso de drogas e maior risco de contrair “gonorréia”, devido à prática de trocar “favores sexuais” por dinheiro ou drogas, tal estaria agregado ao uso de “crack”. Numa doença de tratamento efetivo e cura como esta o problema pode ser transitório, entretanto não há dúvida que se agrava no contexto da ampliação do grupo de soropositivos para o HIV entre os usuários de “crack”. Esta maior prevalência foi acompanhada por maior número de parceiros sexuais, maior freqüência de relações homossexuais e maior prevalência de prostituição.

Ampliando tal quadro de negação e onipotência em relação ao aumento de risco da fragilização humana (doenças físicas e mentais), outros autores constataram que quanto maior o número de parceiros sexuais e maior consumo de drogas injetáveis, ocorre entre pessoas com maior frequência de uso de álcool. Outro ponto que surge é que há uma tendência do não uso de “camisinhas” nas relações sexuais entre adolescentes após a ingestão de álcool. Apesar de alguns defenderem que haveria alguns aspectos a serem corroborados para esta conduta, como não haver preservativos disponíveis no momento do ato sexual, por ser uma relação não programada, bem como pode haver um receio de se discutir sobre sexo seguro possa de alguma forma interromper o ato sexual ou desagradar o novo parceiro.

Apesar de que psicodinamicamente se tem o álcool com um solvente do superego (censuras internas que carregamos), há autores que defendem que a relação entre o uso de álcool e maior atividade sexual pode estar ligada ao fato de que os usuários de álcool são indivíduos mais sociáveis e freqüentam bares e danceterias, locais onde o consumo de álcool é estimulado pelos “rituais da adolescência”, para desinibição da paquera, etc..

Evidentemente que o quadro não se generaliza e que há grupos de adolescentes que fazem o uso recreacional das drogas como mais uma das descobertas do “mundo adulto”. A droga dita mais “leve” como álcool e maconha parecem estar associadas com mais comportamentos sexuais de risco do que cocaína e crack. Talvez porque as últimas dadas ao grau de entorpecimento causado podem gerar uma completa incapacidade do exercício da sexualidade.

Portanto percebe-se que os jovens adolescentes têm o estímulo social (quer pelo reforço do grupo a que pertence ou ainda pelo dia a dia das campanhas publicitárias do uso de álcool e fumo) muito mais próximo do que se imagina, e cada vez mais é necessário um processo contínuo de ampliação de conhecimento das diversas situações de risco a que se expõe.


Data: 14/10/2006 - 11:59
Autor:: Dr. Cláudio M. Martins (Mestre em psiquiatria)


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