Muitos autores já tentaram definir o que é o amor, alguns com maior sucessos poéticos outros nem tanto. Entretanto, a noção do conceito de “estar amando” é difícil de definir e entender. O que se traduz atualmente na dificuldade dos casais manifestarem as razões convicentes porque se unem ou se separam. Portanto, as motivações de apaixonar-se repentinamente e intensamente são geralmente inconscientes. A escolha do parceiro parece freqüentemente ser feita muito rapidamente com pouca base consciente das razões de cada indivíduo. Esta observação empírica comprovou-se recentemente num trabalho de investigação de Mansfield e Collard nos subúrbios de Londres. Constatou-se que nos grupos de casais que se esposavam pela primeira vez na igreja a sua resposta afetiva em relação a este importante evento da vida era muito pragmática. Expressavam que haviam escolhido casar-se porque “julgavam-se prontos para o casamento”, uma colocação vaga que parece indicar que os casais vêem o casamento primariamente como uma iniciação para a vida adulta e conseqüente fantasia de uma estabilidade. Apesar do pragmatismo de grande parcela de nossa juventude associado a dificuldade em ser capaz de amar e, por conseguinte, ser amado não devemos perder a possibilidade de explorarmos o conceito prevalecente, que é o de “estar amando”.

Bergmann, em seu livro “The anatomy of Loving”, refere que as primeiras palavras sobre o amor foram escritas pelos poetas egípcios há 3500 anos. Eles descobriram a utilização de metáforas como veículos para expressar o amor. Algumas dessas permanecem até hoje entre nós, como é o caso de comparar o amor como uma séria doença, a qual só seria curada com a presença do amado.

Do ponto de vista histórico, é importante lembrarmos que apesar do tema “estar amando” Ter sido uma constante na literatura, através dos séculos, só veio a tornar-se uma razão aceitável para o casamento a partir do final do século passado. Isso se levando em conta culturas com influências ocidentais prevalecentes. Ainda hoje, em grande parte da Índia, África, algumas partes da América Latina e Ásia os casamentos são ainda decididos por questões econômicas, sociais ou de “status”. O “estar amando” saudável mobilizaria sentimentos de entendimento e cuidado pelo outro, bem como idealizações em relação ao seu parceiro. Sentimentos irracionais de difícil explanação que propiciam a base para otimismo e ansiedade a respeito do futuro do relacionamento. Otimismo porque o fator de “estar amando” , através da irracionalidade, gera expectativa de soluções de dificuldades a serem encontradas no transcurso da convivência. Ansiedade porque na medida que a fase de idealização é ultrapassada, o que geralmente ocorre em torno de dois anos, surge sentimentos conflitantes decorrentes do ressurgimento do senso de realidade, tolerância a separação e a vulnerabilidade de cada parceiro.

Sempre numa relação a dois há um jogo de desejos e frustrações envolvendo ambos os parceiros. Tais sentimentos decorrem do desenvolvimento da personalidade de cada um de nós e dos acidentes de percalço inerentes ao processo de formação da pessoa. O que se tem observado cada vez mais, que estes “acidentes” estão cada vez mais freqüentes. Ou seja, as pessoas, de uma maneira geral, estão numa busca incessante de um amor, porém quando o encontram permanecem insatisfeitas.